Depois do sucesso de clipe contra homofobia com base na umbanda, Juan Guiã estreia show no MIS

Divulgação

O pernambucano radicado em São Paulo Juan Guiã só tem motivos para comemorar. O recém-lançado clipe de Despacho, primeiro single de seu EP de estreia Também sou feito de infernos, passou a marca de 65 mil visualizações no YouTube em menos de um mês. Para celebrar, o artista foi convidado a fazer seu show de estreia na comemoração dos 48 anos do MIS – Museu da Imagem e do Som, na capital paulista, no dia 26 de maio, com entrada gratuita.

A faixa, que fala da resistência de um menino nordestino e feminino frente à opressão, ao machismo e à homofobia, teve seu clipe gravado em uma escola em ruínas de uma antiga vila de operários tombada, na capital paulista. A locação já foi usada por Anitta e Projota para o clipe da música Cobertor.

A produção de Gui Chapina com direção de Thiago Ozelami e do próprio artista, traz ainda elementos nordestinos e da umbanda, expressão da espiritualidade de Juan. Ponto marcante no clipe, o figurino é assinado pelo stylist Paulo Victhor, que também dividiu os looks com Victor Yuuki. As peças trazem cordas e amarrações, refletindo o aprisionamento do cantor, que canta histórias baseadas em sua experiência pessoal. As batas com transparências e casaco com fitas prateadas trazem também os elementos do caboclo de lança, clássico personagem da cultura popular do Nordeste.

“A música reflete sobre o corpo de um menino nordestino e feminino. A espiritualidade transborda na música, representando o momento de equilíbrio e encontro com minha própria essência”, conta o artista. O primeiro EP pontua um novo momento na vida de Juan Guiã. O título surgiu do processo de empoderamento, poder e resistência vivido pelo artista, que é nordestino, LGBT, umbandista e feminino. “Entender e se orgulhar de tudo o que sou me trouxe equilíbrio e leveza”, conclui.

A vida do cantor foi transposta para Despacho de maneira simbólica e performática, tendo início com aprisionamento pela repressão, passando pela quebra das amarras até culminar no encontro com sua essência, junto com outros personagens, que também viveram esse processo. Todos encerram o clipe com um triângulo rosa no peito esquerdo. O símbolo foi usado para identificar homossexuais nos campos de concentração nazistas e, mais tarde, se transformou na representação da resistência e empoderamento da própria comunidade gay.

Juan Guiã espera uma identificação com jovens LGBT que buscam representatividade e empoderamento. “Eu não me vi em muitos artistas. No país que mais mata a população LGBT, eu me sinto no dever de levantar essa bandeira e espero que, com esse trabalho, eu empodere e ajude outros tantos que se sentem deslocados do sistema de alguma forma”. A promessa é de que até o fim do ano, os videoclipes de todas as quatro músicas do EP devem ser lançados.

EP “Também sou feito de infernos”

A canção Despacho ganhou corpo pelo produtor S4TAN, que também foi responsável pela produção das outras três faixas de Também sou feito de infernos, disponível em todos as plataformas de streaming. O EP, de música pop com efeitos sonoros e experimentações, traz quatro canções autorais que falam de temáticas próximas ao artista, como resistência, feminilidade, encontros e desencontros, liberdade e amor.

Com musicalidade atual e elementos eletrônicos, todas as letras e melodias falam de vivências pessoais de Juan Guiã. A faixa Queima questiona os infernos interiores e como os encontros e desencontros da vida revelam mais do cada um imagina sobre si mesmo. Com pegada dançante, Libera a Raba trata sobre liberdade e tem elementos para tomar conta das pistas de boates e festas. Fechando o EP, a música Sozinho no Mar processa uma separação amorosa de modo poético e profundo.

Foto: Vitor Reis Primo

Sobre Juan Guiã

O contato com a música começou ainda na carreira de bailarino, com as aulas de sapateado. Em seus trabalhos autorais de teatro e dança, iniciou a composição das trilhas de forma orgânica e intuitiva. Como bailarino, foi premiado como o melhor de Pernambuco por dois anos consecutivos no Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, além de outras cinco indicações. Como ator, participou de trabalhos importantes como o projeto Doutores da Alegria, em hospitais da rede pública do RJ, e a novela Malhação onde, em 2015, deu vida a Zé Ernesto.

Também participou de clipes e curtas dirigidos por nomes como Pedro Severien, Zé Eduardo Miglioli e Vinicius Coimbra e encenou o espetáculo solo Por um fio. No audiovisual, dirigiu e atuou em curtas como (sus)penso, Mas é claro, Tarsila, I want to hold your hand, O que fica e Aos buracos. Assinou direção geral e musical de espetáculos como Improvável, Capivara na luz trava e Lendas, com o MASSA Grupo de Teatro, e Dorival Obá, da Cia Pernambucana Vias da Dança, que foi premiado e teve turnê pela Europa em 2017.

SERVIÇO – JUAN GUIÃ NO MIS
Dia 26 de maio, às 17h

MIS – Av. Europa, 158 – Jardim Europa – São Paulo

Entrada gratuita

FOTOS: https://goo.gl/zJoqCm

CLIPE, LETRA E FICHA TÉCNICA (CLIPE/EP): https://youtu.be/MF4PNzGlPCg

Sobre Juan Guiã:

Cantor, bailarino, ator, gay, umbandista, feminino, pernambucano radicado em São Paulo, teve seu primeiro contato com a música nas aulas de sapateado e na composição de trilhas para espetáculos teatrais e de dança. Seu primeiro clipe, “Despacho”, do EP de estreia “Também sou feito de infernos”, teve mais de 60 mil visualizações em menos de um mês. Encontre Juan Guiã no YouTube, Instagram, Facebook e Twitter. Escute o EP no Spotify.

 

Matéria anterior
Douglas Nobre lança vídeo com Elza Soares e Nathalia Timberg
Próxima matéria
Noivas negras: inspirações para quem está com o pé no altar

Mais do É Pop

Menu